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10/06/2015

PIB gaúcho cai 1,3% no primeiro trimestre

Economistas da FEE apostam em alguma recuperação econômica do Rio Grande do Sul no segundo semestre.

Por: Patrícia Comunello

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A queda de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no primeiro trimestre de 2015 frente ao mesmo período do ano passado não foi exatamente novidade ao ser divulgada ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) em Porto Alegre.

A liderança da indústria na onda de mau momento da atividade, registrando o tombo de 6,9%, também não foi nenhum achado, segundo reação dos especialistas da fundação. Indicadores de outras fontes, como IBGE e da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) e da prória FEE (índice de compras no atacado), vêm corroborando o decréscimo acentuado.

O que poderá mudar o rumo do estado do PIB será o tamanho do desempenho da agricultura e a possibilidade da indústria parar de cair, acenaram os responsável pela análise.

Agropecuária avançou 1,1% no período, e serviços, 0,5%. O comportamento dos tributos, o que também não foi uma boa notícia para o Estado, mostrou recuo, de 3%. O comércio, parte da conta de serviços, ostentou a sua maior queda na história da série do PIB trimestral, apurada desde 2002. Foi de 6,4%, influenciada por -17,9% em veículos, eletrodomésticos (-11,8%), vestuário e calçados (-11,5%) e até combustíveis (-8,1%).

A indústria, setor que tem forte peso na geração de impostos, puxou esse desempenho negativo. A indústria de transformação - principal motor do setor - mergulhou 8,6%, e construção 3,6%. Nos ramos com maior impacto na conta industrial, máquinas e equipamentos caíram 24,3% frente ao primeiro trimestre de 2014, depois vieram veículos automotores, reboques e carroceiras com -14,9%, e produtos de metal, -14,2%. Os três juntos respondem por mais de 30% do PIB da indústria.

Os técnicos da FEE reforçaram que as respostas ao andamento da economia regional até dezembro estarão atreladas a duas condições: em que momento vai estancar a ribanceira dos números (principalmente da atividade industrial) e quanto a safra de grãos, com novo recorde esperado em soja, evitará um desempenho pior. O segundo trimestre, que terá maior fluxo de comercialização do grão, redimirá parte do atual panorama pessimista. "Estamos em processo de desaceleração e talvez o pior cenário já tenha passado", especulou o presidente da fundação, Igor de Morais, que vislumbra alguma chance de esgotamento do ciclo de queda até junho. Um dos motivos, citou Morais, é que as empresas operam com baixos estoques e também demandam menos pedidos a seus fornecedores para repor componentes na cadeia de produção. "Mas o primeiro semestre no agregado será ruim. Recuperação só no segundo semestre", acenou o dirigente da instituição. "Em algum momento para de piorar", resumiu. Os movimentos para repor estoques e sair da estagnação ou recessão (olhando a sequência de quedas da indústria) provam que a tarefa está árdua. Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, descartou comparações com o PIB trimestral do País, que caiu 0,2% de janeiro a março. O confronto, disse Rocha, não é adequado estatisticamente devido à revisão de metodologia feita pelo IBGE e que só será seguida pela FEE no fim do ano, com aplicação aos dados coletados.

Rocha ponderou que é possível indicar relação geral sobre os setores que influenciam mais a atividade nacional frente à local. A média do produto do País no trimestre ganhou mais com as commodities minerais, produto que falta na matriz extrativa local e, portanto, ao PIB gaúcho.

Segmentos como metalmecânico, que têm o segundo maior polo do País na Serra gaúcha, ainda penam. Indústrias de autopeças e equipamentos de transportes ampliam paradas, cortes de pessoal e pátios lotados de carros (como a fábrica da General Motors em Gravataí, que recorreu a locais inusitados, como o autódromo de Tarumã, para desovar unidades que não estão sendo compradas).

Queda ocorrida no período é a terceira maior registrada no Estado desde a crise de 2008

O desempenho recente foi o terceiro pior desde 2009 por trimestre, segundo a FEE. A maior havia queda foi no terceiro trimestre de 2009, de 1,8%, e depois de 1,5% no quarto trimestre de 2012. Antes disso, lembrou o coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, Roberto Rocha, o maior tombo havia sido de 2,9%, no segundo trimestre de 2005, ano de estiagem. Rocha citou que fatores que contaminaram os desempenhos de setores como comércio e serviços podem ser buscados em um pacote de dados conjunturais - menor oferta de crédito ou crédito mais caro, aumento do desemprego e queda de geração formal de vagas e até da massa de rendimentos.

O IBGE divulgou ontem a sua Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de abril e mostrou que o País teve queda de 1,2% frente a março e de 7,6% em relação a abril de 2014. Desta vez, o Estado fechou com taxas levemente melhores, mesmo negativas: -1,9% no confronto com março, e -6% ante o abril anterior. "A nossa indústria vai depender muito do comportamento do restante da economia brasileira, o setor precisa da demanda da economia interna", relacionou o coordenador do Núcleo de Contas Regionais, ressaltando ainda que a deterioração dos números não é de agora.

Rocha citou que o PIB gaúcho enfrenta a atual má fase desde o segundo trimestre do ano passado. Só escapou no primeiro trimestre de 2014, quando avançou 3,3%. Depois disso, foi só queda (-2,3% no segundo trimestre, -0,3% no terceiro, e -1,7% no último de 2014, sempre confrontando com o mesmo trimestre do ano anterior). Apenas no confronto com o último trimestre de 2014, o atual fica positivo, com avanço de 0,9%, que sofre ajuste sazonal.

Os economistas descartam a referência como a mais adequada por ter influência de fatores que não têm regularidade nos demais períodos do ano. "Não podemos esquecer que o dado de agora é efeito de uma comparação com uma base elevada, devemos ter um exame mais ajustado no segundo trimestre", preveniu Rocha. No final das contas, a melhor palavra para definir a trajetória recente é estagnação.

 


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