O edital para a compra de 200 mil metros cúbicos diários de biometano (biogás purificado, feito a parir de matéria orgânica, como dejetos suínos, por exemplo), por um prazo de 20 anos, foi lançado no mês passado e o período para a apresentação de propostas seria encerrado na próxima sexta-feira. No entanto, a Sulgás decidiu ampliar o cronograma dessa chamada pública.
O diretor-presidente da distribuidora, Claudemir Bragagnolo, revela que nesta semana, ou mais tardar na próxima, será prorrogada essa ação em mais 45 dias, provavelmente. Após o contrato assinado, os empreendimentos selecionados deverão iniciar a entrega de gás em um tempo máximo de 24 meses. Para participar, a companhia concorrente deverá garantir uma produção mínima diária de biometano. A Sulgás estima que dentro de 10 anos um total de 10% do volume comercializado de gás natural no Estado será proveniente do biometano.
"Como é uma coisa nova, não tínhamos experiência, ninguém tinha, e constatamos que o prazo que demos foi muito curto para que as empresas ficassem hábeis a participar", justifica Bragagnolo. De acordo com o dirigente, atualmente existem quatro grupos muito interessados em fornecer o biometano para a Sulgás, que depois distribuirá aos consumidores finais. As plantas de produção de biogás dessas companhias ficarão sediadas nos municípios de Montenegro (empreendimento do Consórcio Verde-Brasil, já iniciado e operando em escala piloto), Estrela, Marau e Carlos Barbosa.
O presidente da Sulgás reforça que esses são projetos que estão mais adiantados, contudo nada impede que outras iniciativas sejam apresentadas. "Quanto mais ações tiverem, melhor para gente e, se sentirmos a necessidade lá na frente, vamos lançar outro edital", afirma Bragagnolo. Conforme o dirigente, a Sulgás, em um primeiro momento, não está focando o lucro financeiro com a aquisição do biogás, mas sim descentralizar a geração e a distribuição de gás natural que hoje chega ao Rio Grande do Sul somente pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Com isso, a meta é apoiar a cultura da produção e da comercialização do gás natural no Estado. O biometano será comprimido, onde não há gasoduto, e transportado por cilindros. Os principais mercados para esse insumo serão os segmentos industrial e de postos de combustíveis.
Bragagnolo ressalta que a estatal foi pioneira no Brasil com o lançamento do edital para obter o biometano. Essa dianteira também foi um dos fatores que facilitou à Sulgás conquistar com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) a concessão do registro da marca GNVerde. Esse será o nome comercial do biometano que será distribuído pela Sulgás. Com a medida, o nome GNVerde, para a comercialização de biometano, somente poderá ser utilizado pela distribuidora gaúcha, por um período de 10 anos, podendo renovar esse direito.
"A obtenção do registro surge em um momento importante, pois a Sulgás, com a Secretaria de Minas e Energia, está desenvolvendo o Programa Gaúcho de Biometano, que visa estimular o desenvolvimento regional e promover a atração de investimentos a partir da produção e comercialização do GNVerde", diz o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker.
Além da iniciativa com o biogás, a estatal pretende investir R$ 288 milhões, em quatro anos, para expandir sua rede de gasodutos. Com o aporte, a meta da companhia é passar de 890 quilômetros de malha para 1,3 mil quilômetros.