Quando vamos ao mercado e compramos, por exemplo, um maçã não temos ideia de quanto trabalho e estudo foi despendido para se obter uma fruta de película vermelha, lisa, grande e aromática para o nosso consumo.
Grande parte das frutas que comemos, entre elas, maçãs, peras, uvas, pêssegos, ameixas, nectarias, bananas, abacates, amoras, framboesas, mirtilos, laranjas, bergamotas e tantas outras, passaram por processos de melhoramento genético. E isso não quer dizer que elas sejam transgênicas, mas sim que foram selecionadas de acordo com características pré-determinadas por profissionais que conduzem trabalhos de seleção de plantas e seus frutos.
Para que o processo de melhoramento genético possa existir é necessário conhecer o modo de reprodução das plantas. Quanto às frutíferas, existe o método sexuado, através de semente ou assexuado, por meio de estruturas vegetativas, que consistem em partes das plantas como ramos, folhas e raízes capazes de disseminar e multiplicar as espécies.
Dentre os parâmetros envolvidos no melhoramento genético, podemos dividi-los em dois segmentos: características das plantas e característica dos frutos. Características da planta consistem em: o porte e vigor vegetativo da parte aérea, precocidade, volume e uniformidade de produção, resistência a pragas e doenças, desenvolvimento radicular, fornecendo boa ancoragem e exploração do perfil do solo para absorção de água e nutrientes. E as características dos frutos: tamanho, cor da epiderme, formato, textura, firmeza, suculência e teor de açucares da polpa, resistência ao transporte, conservação ao frio e a distúrbios fisiológicos de pós-colheita e tempo de prateleira.
Depois de determinar o que se quer selecionar, o profissional irá buscar dentro de uma população as características de interesse, para então vislumbrar os métodos de melhoramento a serem utilizados. Métodos estes que combinarão as características acima citadas em uma só planta, pois na maioria das vezes a característica desejada está em apenas um genótipo e não está em outro, neste caso, selecionam-se os pais (progenitores) com características complementares para recombinar fazendo-se o cruzamento entre eles.
Os métodos mais comuns de melhoramento genético empregados para frutíferas são: a introdução de plantas – que consiste na introdução de germoplasmas de outros locais; a seleção – na qual são selecionadas plantas dentro e/ou entre populações da mesma espécie com características favoráveis e pré-determinadas; a hibridação – que é o cruzamento entre indivíduos com o intuito de explorar a variabilidade genética; a transformação genética – na qual se faz a introdução de genes estranhos à espécie; a poliploidia – alteração citogenética, onde pode variar o número ou a estrutura dos cromossomos; e as mutações – que podem ser de ordem induzida ou natural, como por exemplo: em uvas finas de mesa, Rubi e Benitaka, que são originarias da cultivar Itália; no pêssego de mesa, as mutações Coral 2 e Coral Tardio, originarias da cultivar Coral; e na maçã, Royal Gala, Imperial Gala, Regal Gala, originarias da cultivar Gala e Fuji Suprema, Fuji Spur, originarias da cultivar Fuji.
O melhoramento genético é um processo que envolve muitas etapas e avaliações, que, especialmente em frutíferas, pode levar até 15 anos para se lançar uma nova cultivar, pois depende de avaliações a campo, onde é preciso verificar ao longo dos anos a herança genética em que está envolvida todas as características desejadas alcançadas pelos diferentes métodos de melhoramento.
Na região da Serra Gaúcha são plantadas cultivares de pessegueiro derivadas do programa de melhoramento genético da Embrapa, como o Pampeano, Chimarrita, Eragil, como também a maçã Eva do programa de melhoramento genético do Iapar, e utiliza-se portaenxertos de macieira do programa de East Malling da Englaterra.
Por isso, o melhoramento genético é de extrema importância econômica e social para o Brasil. A demanda interna por diversas frutas favorece o aumento do cultivo e a necessidade de diversificação dos pomares. Sendo assim, o melhoramento contribui para o aumento na produtividade, na qualidade das plantas e dos frutos e na melhor adaptação edafoclimática das culturas, favorecendo e atendendo então a demanda deste importante mercado nacional.
Texto compilado através de informações disponíveis em:
BRUCKNER, C. H. Melhoramento de fruteiras de clima temperado. Viçosa, MG: Editora da UFV, 2002.
MEDEIROS, C. A. B.; RASEIRA, M. C. B. A cultura do pessegueiro. Brasília, DF: EMBRAPA, 1998.
POMMER, C. V. Uva: tecnologia de produção. Porto Alegre, RS: Cinco Continentes, 2003.
A cultura da macieira. Florianópolis, SC: EPAGRI, 2006.