A chance de vender cota de carne bovina de alta qualidade à União Europeia (UE) intensificará as ações da Associação Brasileira de Angus para convencer produtores a se enquadrar nas exigências da região, como 100% de rastreabilidade do rebanho. A projeção foi feita ontem pelo presidente da entidade, que promove iniciativas de desenvolvimento e ampliação do mercado da raça de pecuária de corte, José Roberto Pires Weber, em Porto Alegre. Segundo o dirigente, a possibilidade de produtores locais abastecerem plantas de abates e atingir a cota de 4 mil toneladas ao ano até 2019 para a UE dependerá da rastreabilidade dos animais que serão exportados com a certificação do Programa Carne Angus.
A carne ingressa na região em categoria de alta qualidade, com garantia de preço mais alto. Weber não sabe o nível de valorização. "Os frigoríficos que fecham preços", justificou o dirigente. Plantas do Marfrig já exportam à região dentro da chamada cota Hilton, que é acessada pela produção em diversos estados. O Brasil está perto de 95% do volume, segundo Weber. A baixa cobertura de rastreabilidade no Estado (menos de 140 propriedades seguem o sistema nacional, que não obriga a adoção do chip) será um dos obstáculos. Weber também apontou que a abertura de mercado nos Estados Unidos e na China deve criar condições para novos acordos no comércio internacional para a carne brasileira.
Weber admitiu que a valorização do produto, com alta de preços, que se mantem desde 2014 no Estado, com cotações das mais elevadas nas praças da pecuária brasileira, acaba direcionando matéria-prima para abates de comercialização interna. O programa Angus soma 5 mil produtores em oito estados, que entregam 330 mil cabeças a 23 frigoríficos em 2014. Em outubro, o programa será levado pela entidade de produtores, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e ApexBrasil à Feira de Anuga, na Alemanha.
O dirigente fez ontem também a projeção de negócios na Expointer de 2015, que vai de 29 de agosto a 6 de setembro, em Esteio, que espera registre grande demanda ligada à retomada da cria. No dia 3 de setembro, a raça deve compor 80% do plantel da 12ª Feira da Novilha que a Farsul realiza na Expointer. A temporada de leilões da primavera, auge da venda de reprodutores, poderá registrar oferta insuficiente de animais, adianta o dirigente.