Após anos seguidos de redução no cultivo de milho no Rio Grande do Sul, a expectativa é de que a área plantada aumente 8,93% nesta safra. A projeção é da Emater, que divulgou ontem, na Expointer, o primeiro levantamento sobre a intenção de plantio no ciclo de verão 2016/2017. O estudo confirma a tendência de valorização do grão, que há pelo menos sete anos vinha perdendo espaço para a soja.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Milho, Cláudio de Jesus, o incremento deve-se, entre outros fatores, à integração entre indústria e agricultores para evitar desabastecimento. Ele avalia que esta leve recuperação pode ser um bom sinal de retomada com maior força nas próximas safras.
Preocupado com a escassez do grão, o agricultor Paulo Cesar Rigon, de Jacutinga, ampliou de oito para 10 hectares a área com milho. O produtor, que também cultiva soja e pastagem, usa o milho para alimentar o gado leiteiro. Com o incremento, espera não precisar comprar ração. Ele pontua as dificuldades para apostar na cultura.
— O investimento na lavoura de milho é 50% maior do que na de soja — pondera Rigon, que foi à Expointer conferir as novidades e em busca de uma plantadeira.
Apesar do incremento da área, a estimativa é que a produção seja ampliada apenas em 2,6%.
Pela projeção da Emater, a área plantada na safra de verão — arroz, feijão, milho e soja — terá incremento de 1,6%. Considerando todas as culturas de verão, a produção de grãos no Estado poderá ser 13,66% maior em relação ao volume médio colhido nos últimos cinco anos. De 2012 a 2016, a produção média anual da safra de verão foi de 25,6 milhões de toneladas.
Segundo a Emater, os agricultores têm condições de colher 29,1 milhões de toneladas. Os principais fatores que justificam o otimismo são o avanço tecnológico, a profissionalização e a capacitação dos produtores. Caso a expectativa sobre a colheita seja confirmada, destaca o secretário do Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto, o faturamento bruto da safra de verão poderá chegar a R$ 30 bilhões.